Jornalismo em Coimbra_ cidade dos doutores (arranjem-me uma consulta, já)
Costumo ler o Diário de Coimbra, ou As Beiras, a beber café (porque se esgotam com um galão). Encontro sempre erros ortográficos, ou gralhas tipográficas ou, ainda pior, jornalismo de rolo higiénico_ o jornalismo que não é feito às claras (retirando, lá está, o opinativo das crónicas de meia dúzia de políticos que se “distanciam” e que, por isso, se justificam_ como sempre distanciados da realidade que governam_ mas já lá vamos). Se bebo um galão, tenho tempo para ler o Público, o DN, ou o JN, também eles têm espaço para o local das Beiras, Litoral e Interior. Apesar destes não terem gralhas ortográficas, fico sempre com azedume de não passarem para um plano nacional, sobretudo quando são notícias que projectam a terra, perdão!_ o cimento, para o exterior (no mau e no bom que ele tem_ a cidade), porque são impressos no Centro mas não no resto do país.
O jornalismo local conimbricense ou é tosco, explorador de estagiários e estagiárias ansiosas para acabar o novo curso; ou tem editores capazes de não se preocupar em informar (no sentido da investigação jornalística)_ para não dizer oportunistas, ou regentes pela cabala e, aí, se justificam os erros ortográficos, uma vez que se desleixam para o público receptor, tratando-os como estúpidos, ignóbeis ou, na melhor das hipóteses, senhores doutores com capacidade para, em vez de sudoku, se divertirem a descobrir os erros no diário acabado de sair; ou, então, é tosco porque se congemina numa corporação que conecta governo político vigente, jornalismo, e investidores.
Quanto ao Diário de Coimbra todos sabemos que vem de uma velha família da época ditatorial e que sempre se amanharam por estas bandas, não fosse o capitalismo a ditadura da pós-modernidade. Compreende-se que não explore alguns temas malignos para a acção política local. E aquela que fazem, ou não vem assinada (digamos, um desconto que se faz a algum estagiário), ou apenas faz copy/paste de alguma entidade exterior que enviou o portfolio delator (acrescentando-lhe_ parece óbvio_ os erros ortográficos). Também podem colocar o vereador da cultura a fazer crítica de teatro (como uma notícia abaixo neste blog), que não paga o único subsídio que atribuiu à maior parte das companhias existentes há mais de 5 anos (excepção feita ao Teatrão e A Escola da Noite), e que foi em 2005, nem que nunca foi ver uma peça delas (2 anos para pagar o que está feito e foi aprovadoem Assembleia Municipal , e que não foi ver_ e “vão ao teatro”!).
Temos, igualmente, o Diário das Beiras que, não tendo tantas gralhas ortográficas, tem as mesmas notícias! Quer isto dizer que anda tudo a pagar ordenado a jornalistas para fazer o mesmo, andar atrás das reuniões municipais, dos fogos florestais, das tragédias familiares, dos sucessos empresariais (aqui, já se têm de afastar um pouco de Coimbra). E depois temos os jornais nacionais que têm um espaço para o local, um texto melhor escrito, mas que não passam do local! Também estes seguem a linha editorial dos jornais estritamente locais e, todos, para o mesmo público-alvo. Pergunta-se como é que se pode beber mais que um café, pronto, um galão quente, a ler os jornais sobre a região e ser-se informado do que se passa?
Só para terminar, uma última questão: se fazem um curso de jornalismo em Coimbra para isto, é este o destino que as empresas de informação querem dar aos noviços? Dar-se estágios em jornais locais, não remunerados, e ficarem conhecidos pela fraqueza do proveito? Provavelmente, tudo isto está correlacionado com a cidade dos doutores que, provavelmente, consideram isto tudo sem importância, porque continuam o seu trabalho remunerado mesmo sem irem à universidade, mesmo sem lerem os jornais. Esquecem-se, contudo, que uma universidade que não lê e tem atenção aos jornais não é, nem será, uma boa universidade.
Costumo ler o Diário de Coimbra, ou As Beiras, a beber café (porque se esgotam com um galão). Encontro sempre erros ortográficos, ou gralhas tipográficas ou, ainda pior, jornalismo de rolo higiénico_ o jornalismo que não é feito às claras (retirando, lá está, o opinativo das crónicas de meia dúzia de políticos que se “distanciam” e que, por isso, se justificam_ como sempre distanciados da realidade que governam_ mas já lá vamos). Se bebo um galão, tenho tempo para ler o Público, o DN, ou o JN, também eles têm espaço para o local das Beiras, Litoral e Interior. Apesar destes não terem gralhas ortográficas, fico sempre com azedume de não passarem para um plano nacional, sobretudo quando são notícias que projectam a terra, perdão!_ o cimento, para o exterior (no mau e no bom que ele tem_ a cidade), porque são impressos no Centro mas não no resto do país.
O jornalismo local conimbricense ou é tosco, explorador de estagiários e estagiárias ansiosas para acabar o novo curso; ou tem editores capazes de não se preocupar em informar (no sentido da investigação jornalística)_ para não dizer oportunistas, ou regentes pela cabala e, aí, se justificam os erros ortográficos, uma vez que se desleixam para o público receptor, tratando-os como estúpidos, ignóbeis ou, na melhor das hipóteses, senhores doutores com capacidade para, em vez de sudoku, se divertirem a descobrir os erros no diário acabado de sair; ou, então, é tosco porque se congemina numa corporação que conecta governo político vigente, jornalismo, e investidores.
Quanto ao Diário de Coimbra todos sabemos que vem de uma velha família da época ditatorial e que sempre se amanharam por estas bandas, não fosse o capitalismo a ditadura da pós-modernidade. Compreende-se que não explore alguns temas malignos para a acção política local. E aquela que fazem, ou não vem assinada (digamos, um desconto que se faz a algum estagiário), ou apenas faz copy/paste de alguma entidade exterior que enviou o portfolio delator (acrescentando-lhe_ parece óbvio_ os erros ortográficos). Também podem colocar o vereador da cultura a fazer crítica de teatro (como uma notícia abaixo neste blog), que não paga o único subsídio que atribuiu à maior parte das companhias existentes há mais de 5 anos (excepção feita ao Teatrão e A Escola da Noite), e que foi em 2005, nem que nunca foi ver uma peça delas (2 anos para pagar o que está feito e foi aprovado
Temos, igualmente, o Diário das Beiras que, não tendo tantas gralhas ortográficas, tem as mesmas notícias! Quer isto dizer que anda tudo a pagar ordenado a jornalistas para fazer o mesmo, andar atrás das reuniões municipais, dos fogos florestais, das tragédias familiares, dos sucessos empresariais (aqui, já se têm de afastar um pouco de Coimbra). E depois temos os jornais nacionais que têm um espaço para o local, um texto melhor escrito, mas que não passam do local! Também estes seguem a linha editorial dos jornais estritamente locais e, todos, para o mesmo público-alvo. Pergunta-se como é que se pode beber mais que um café, pronto, um galão quente, a ler os jornais sobre a região e ser-se informado do que se passa?
Só para terminar, uma última questão: se fazem um curso de jornalismo em Coimbra para isto, é este o destino que as empresas de informação querem dar aos noviços? Dar-se estágios em jornais locais, não remunerados, e ficarem conhecidos pela fraqueza do proveito? Provavelmente, tudo isto está correlacionado com a cidade dos doutores que, provavelmente, consideram isto tudo sem importância, porque continuam o seu trabalho remunerado mesmo sem irem à universidade, mesmo sem lerem os jornais. Esquecem-se, contudo, que uma universidade que não lê e tem atenção aos jornais não é, nem será, uma boa universidade.
Ricardo PanKas
5 comentários:
Apenas uma ressalva ao jornal O Centro e ao semanário O Despertar que nos parecem querer mostrar Coimbra.
Já agora, se me permitem, também tenho gostado de ler o Semanário Desportivo do Centro. Um jornal que fazia falta.
Consultas arranjam-se, com bons médicos. Jornalistas, não sei ... quereis exemplos?
Venha daí essa verdade. A guerra está montada à escala mundial. Blogonáutas a meter os jornalistas na linha. A fazerem-nos olhar, por vezes, a sua nulidade. E essa do segundo poder,...tretas!!! Já era!
Muitos deles espreitam uma assessoria para acabarem de vez com os recibos verdes. Já estamos fartos de poses frustradas. Vingam-se com o silêncio. A nova arma do jornalista defunto. Sentadinhos a lerem, as coisas uns dos outros e à espera que aterrem press-releases para o copy-paste. Sim, porque isto de ir para o terreno...só se valer a pena. Se houver lanche ou jantarinho ai estão todinhos. São mais que as notícias. Só procuram polémica brejeira.
Há, no entanto, alguns bons profissionais em Coimbra. Nomes como Jorge Castilho; Fernando Madaíl, Graça Barbosa Ribeiro, Lídia Pereira, Casimiro Simões, Sansão Coelho, Aurélio Vasques, Soares Rebelo, Noémia Novais, Eduarda Macário, Paulo Marques e o jornal O Despertar merecem a consideração do Kabec_ilha.
Jornalismo em Coimbra: meta-comentário
1 - Quando se deseja uma consulta não se quer apenas pedir acção de um médico! Estilisticamente, quer-se apelar à acção cívica de quem interpreta, e tem capacidade para detectar os sintomas e propor tratamentos. Mesmo que seja um médico dá-se, aqui, prioridade aos lacanianos. E aqui já não se arranjam tantos “bons” (corrijam-me, por favor!_ e já me estou a desviar)..
2 - Sempre encarei o desporto como uma dimensão da vida, e não como uma alienação exclusiva do que se entende por vida. Digam-me, por favor, quantos jornais desportivos existem em França?
3 – Quando se critica o jornalismo num sentido tão abrangente (ainda que apenas a uma escala do local), coloca-se no saco tudo e todos. É um risco que se toma: ser injusto com alguns jornalistas. Acontece que não sou a Qualicert da SGS. Aliás, estive no site deles e ainda não colocaram lá a menção desse tal “certificado de qualidade”, estando impedido de saber em que categoria e com que critérios o certificado para o jornal As Beiras foi tão respeitosamente atribuído. Só com essas informações se poderá saber o que está realmente a ser avaliado…
Dizia que criticar o jornalismo não é apontar o dedo a meia dúzia de jornalistas (a denuncia coimbrã fez a sua top list que não condeno nem quero determinar tal julgamento) mas, antes, criticar o projecto editorial global (se é que existe); o tipo de agendamento das questões abordadas, e a forma como se entrecruzam as interpretações dos agentes envolvidos em determinada informação editada; o grau de investigação de cada potencial notícia (os tais portfolios de que se faz copy/paste); no fundo, tudo o que leva a pensar um pressuposto corporativismo entre financiadores, políticos e editores. Pergunto se imaginam tudo aquilo que não se conseguiu ver editado nos jornais acerca do que se passa na região?
Numa outra perspectiva pretendia-se, igualmente, alertar para a recepção de tais notícias. E aqui, não nos podemos esquecer que estamos na cidade do conhecimento. Com tanto cientista na cidade, com tantas pessoas culturalmente mais ou menos esclarecidas, com tanto potencial emergente da universidade, será que o jornalismo realizado e consumado traduz essa realidade? Só por isso convoquei uma consulta.
ricardo pankas
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