Senão vejamos:
O Sr. Presidente diz que se privilegia a concertação entre várias instituições para um esforço comum (financiamento e co-produções, depreende-se) e depois diz que se uma companhia profissional recebe dinheiro para formar teatro amador de várias instituições é estar a tutelar os amadores e exaurir dinheiro público. Quem é que o Sr. Presidente pensa ser indicado dar formação ao teatro amador, talvez alguma empresa de animação de espaços…
Diz que se privilegia quem sabe gerir com inovação o dinheiro público mas não reconhece a mafia – Federação Cultural de Coimbra como uma gestão inovadora do dinheiro público (federação que gere equipamento técnico e espaço comum). E muitos se esquecem que esta federação (a avaliar por um dossier que tornou público recentemente), recebeu o equipamento técnico com 25% de verbas nacionais e 75% de dinheiro europeu. E que, com isso, apoiou uma série de iniciativas, de Coimbra 2003 – Capital Nacional de Cultura a outras entidades que não têm acesso a equipamento por via nenhuma, instituições privadas e públicas.
O Sr. Presidente diz que quando veio para a Câmara Municipal de Coimbra não conhecia nenhuma companhia a precisar de espaço senão o Teatrão e a Escola da Noite (e que, por isso, providenciou dois nobres espaços a essas companhias, esperamos ainda) mas, mal entrou na Câmara, fechou à mafia um espaço protocolado pelo executivo anterior, parte dos Bombeiros da Avenida Sá da Bandeira que ainda hoje está desactivado), sem sequer os avisar, levando-os para tribunais que, até hoje, não julgaram o caso por estar fora do seu âmbito. E, segundo consta, a mafia é um conjunto de companhias que se uniram porque não tinham espaço e estavam dispostas a partilhar.
O Sr. Presidente diz que privilegia espaços e entidades que saibam gerir dinheiros com captura de outras fontes de financiamento mas para tal esquiva-se de financiar. Que raio! É sabido que demora tempo a consolidar uma associação. Agora quando não há da Câmara nem espaço, nem subsídio, nem compra de espectáculos, o que é que o Sr. Presidente quer que essas associações digam ao Ministério da Cultura, ao Ministério da Educação, ao Ministério da Ciência, à Fundação Gulbenkian, etc., que têm um projecto sem espaço para o tornar possível, um projecto sem dinheiro local? O Sr. Presidente não sabe como funciona a aquisição de outras fontes de financiamento.
O Sr. Presidente diz que o cinema independente e histórico, a ser apresentado numa nova sala faz concorrência às salas comerciais existentes na cidade e que, por isso, não merece atenção um projecto com este âmbito. O Sr. Presidente diz privilegiar a música e a dança. Mas a única companhia de dança que existia na cidade, a Trampolim, teve de se ir embora por falta total de apoios, de formação e de produção. A música, para ele, é a clássica. Vá lá! Pensava que era apenas a filarmónica! Mas onde fica o jazz, o rock, o blues, o hip-hop, que tanto parecem estar a querer dar à cidade?
O Sr. Presidente anda a vender a cidade e o património para fins que só ele (gostava de saber quem mais) sabe. Por isso se esquiva de explicar a destruição mais que necessária do pressuposto Metro Mondego, da proposta de fazer do Sousa Bastos um centro de fruição cultural na parte velha. E pavoneia-se com três equipamentos culturais de grande envergadura que (parece-me) herdou todos de anteriores executivos. Será que conhece o que Paulo Ribeiro fez em Viseu? Programação num Teatro Municipal e transformação de um andar em salas de ensaio.
E depois, ao lado, Barbosa de Melo, diz que Coimbra pode entrar no primeiro campeonato das cidades culturais. Ele que vá a Almada ver o que andam por lá a fazer. Acho que começamos a compreender o que se pretende fazer da cultura da cidade. É um poço de contradições. Não há oposição que aguente. Mas, parece-me, haverá cada vez mais oposição. E este é o meu paradoxo.
ricardo pankas
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