domingo, março 25, 2007

Cidadania estudantil em Coimbra: a verdadeira cãibra.


















O programa político autárquico em Coimbra não é, e parece nunca ter sido, orientado para a comunidade estudantil. Parece que a inevitabilidade dos estudantes se aproxima do estatuto de um turista que, como parasse o tempo, pernoita na cidade e, sem remédio alternativo, se pisga logo que o dinheiro das propinas resolva a situação do sucesso escolar.

A excepção é feita aos eventos que a cidade (a começar pelos seus políticos) agradece e que se relacionam directamente com a economia da cidade. É por isso que temos uma espécie de palco no choupalinho e a permissão para se embebedar nas ruas duas vezes por ano; outro estádio em Taveiro (mesmo sem saber que lucro dá); um Hospital; o Instituto Pedro Nunes; a Cabra no mesmo sítio. Também há o TAGV mas, esse, parece ser substituto do TGV_ quer dizer, remete para o facto da Câmara Municipal de Coimbra se esquivar ao que lhe parece não satisfazer a economia da cidade. Portanto, é melhor pisgares-te (neste blog já se viu a indignação de quem lá trabalha por não ser pago, nem haver dinheiro para pagar o serviço exemplar que prestam).

Se aos políticos da cidade lhes agrada a instrumentalização da universidade para fins económicos, parece que oblitera a política sociocultural dos seus “clientes”. Em última análise, os estudantes não são considerados cidadãos da cidade. E com alguma razão! Os estudantes, até então (enquanto Bolonha não elege doutores), necessitam de viver em Coimbra pelo menos 4, 5, 6 anos (se for exemplar e dependendo do curso que frequenta). Ora, este tempo é o tempo de um mandato autárquico, na Câmara Municipal e nas Juntas de Freguesia. Durante este tempo é na cidade que estes estudantes vivem e sentem o apoio e desapoio que a cidade lhes proporciona. Contudo, quantos estudantes votam em Coimbra? Era interessante saber mas, duvido que sejam mais de 10% a se recensear enquanto aqui vive.

Como querem os estudantes participar na política regional se não são cidadãos activos na cidade? No mínimo, seria uma forma de aumentar a população de freguesias como, por exemplo: Sé Nova, S. Bartolomeu, Sé Velha. E isso significaria mais dinheiro para essas freguesias. Será que estas Juntas de Freguesia representam, hoje, os seus habitantes quase-cidadãos? Será que as políticas municipais teriam de ser ligeiramente alteradas, se houvesse um movimento massivo de estudantes a se recensearem em Coimbra para as próximas eleições?

Os estudantes poderiam colaborar mais activamente no desenvolvimento desta cidade. Afinal de contas, são eles a força motriz da cidade, da universidade, do futuro deste país (ai, ai). Acordem, jovens-adultos! E deixem-se de brincar ao futuro Sócrates, ou ao futuro Cavaco, ou, quiçá, ao futuro Salazar (a comparação é incomensurável, mas pertinente, porque histórica). Activem a vossa presença na cidadania. Sois vós o âmago da cidade. Não deixeis de participar activamente!

Caso contrário, digo-vos com sinceridade: em vez de Coimbra, sugiro Cãibra. Talvez os turistas estrangeiros pernoitem mais de uma noite (não fosse a miserável oferta cultural que a cidade oferece).


ricardo pankas

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